Biografia de Alberto Pasqualini
Uma trajetória dedicada ao trabalhismo e à justiça social

Nascimento
23 de setembro de 1901Nasce Alberto Pasqualini no segundo distrito de Júlio de Castilhos, atualmente o município de Ivorá.

Origens Familiares
FamíliaFilho do escrivão distrital Alexandre Pasqualini e de Paulina Bortoluzzi, descendentes de italianos. Seus irmãos eram Arlindo, Abílio, Alda e Artur.

Mudança para Ribeirão
1909-1913Muda-se para a comunidade de Ribeirão, na época pertencente ao município de Cachoeira, hoje parte do município de São João do Polêsine. Alberto Pasqualini vai morar com seu tio, Antônio Bortoluzzi, para continuar seus estudos. Estuda no antigo sobrado de Pedra em Ribeirão, sendo aluno do farmacêutico Guido Carlos Pazzini e do ajudante de farmácia Tito de Oliveira de Vale Vêneto.

Desenvolvimento Artístico e Intelectual
1909-1915Compõe poesias e músicas, além de tocar violino com seu irmão Alexandre. Tem facilidade para aprender idiomas como latim, grego e francês, sendo conhecido na infância pela qualidade de suas redações e sua oratória.

Formação no Seminário
1915-1922Iniciou o curso ginasial no Seminário Nossa Senhora da Conceição, em São Leopoldo/RS, em 1915. A formação católica-jesuítica proporcionada pelos clérigos e pelo catolicismo funcionava como uma matriz geral básica de conteúdos formativos denominada 'comunitarismo orgânico', uma corrente teórica que visava, mediante a disciplina e uma formação intelectual elitista orientada para os valores humanistas cristãos, influenciar a mentalidade cultural daqueles que dominariam, no futuro, todos os âmbitos da realidade. Nesse sentido, o comunitarismo orgânico deveria atuar em todas as esferas (social, cultural, econômica, política e partidária), formando um todo coeso. Ele foi colega de Dom Vicente Scherer e de Jaime Barros Câmara. Deixou o curso ginasial ao concluir que o sacerdócio não era sua vocação. Entre 1920 e 1922, cursou o magistério no Colégio Anchieta e, em seguida, concluiu o curso colegial no Colégio Júlio de Castilhos, ambos em Porto Alegre.

Formatura em Direito
1929Forma-se em Direito pela Faculdade Livre de Direito de Porto Alegre. Para custear seus estudos, Alberto Pasqualini ministra aulas particulares e trabalha na Viação Férrea do Rio Grande do Sul. É orador da turma como aluno laureado. Anteriormente, havia ingressado no curso de Medicina na Universidade do Rio Grande do Sul, mas precisou abandoná-lo devido à necessidade de trabalhar para se sustentar.

Participação na Revolução de 1930
1930Participa da Revolução de 1930, inicialmente como soldado raso e posteriormente como Major Fiscal da Infantaria do 11º Corpo Provisório 'João Pessoa', atuando no cais do Porto de Porto Alegre sob o comando de Mário da Matta. Em 27 de outubro, assume o comando do batalhão até sua dissolução. Seu irmão, Alexandre Pasqualini, também atua neste batalhão.

Inscrição na OAB/RS
1932Obtém inscrição definitiva na OAB/RS, sob o número 69. Divide um escritório de advocacia em Porto Alegre com Walter Eduardo Baethgen.

Revolução Constitucionalista
1932Participa dos movimentos em apoio à Revolução Constitucionalista que ocorre em São Paulo, ajudando a paralisar trens em Santa Maria e, posteriormente, sendo preso.

Candidatura à Câmara Federal
1934Candidata-se à Câmara Federal pela Frente Única Gaúcha (FUG), ficando como 11º suplente de Deputado Federal. É filiado ao Partido Liberal (PL). Sua campanha é marcada pelo tom insurgente contra o governo estadual de Flores da Cunha. O interventor estadual tenta impugnar sua candidatura e a de outros membros da FUG.

Docência na Faculdade de Direito
1934Torna-se docente da Faculdade Livre de Direito de Porto Alegre, lecionando 'Psicologia e Lógica' no Curso Pré-Jurídico, 'Introdução à Ciência do Direito' e 'Direito Civil' no Curso de Direito. Também integra a Comissão Examinadora do Vestibular nas matérias de Psicologia e Lógica.

Vereador em Porto Alegre
1935-1936É eleito Vereador em Porto Alegre pela FUG como o segundo mais votado na eleição. Seu mandato é marcado pelo uso frequente dos 'apartes' como forma de inserção nos debates realizados na Câmara de Vereadores. Participa da Comissão de Petições, Reclamações e Redação ao lado dos vereadores Pereira Filho e Ludolfo Boehl. Seu mandato é ameaçado de cassação devido à acusação de ter advogado contra o Estado em parecer sobre o Projeto de Lei nº 284/1936, que modificava e regulamentava a cobrança da dívida ativa. Seu mandato é mantido após alteração do art. 25 da Lei Orgânica do Município, determinando que vereadores não poderiam legislar apenas contra o município. Durante este período, atuou como informante de Getúlio Vargas em ações que contribuíram para a dissolução do governo de Flores da Cunha no Rio Grande do Sul.

Departamento Administrativo do Estado
1939-1943É convidado pelo Cel. Cordeiro de Farias, em nome do Presidente da República, Getúlio Vargas, para integrar o Departamento Administrativo do Estado do Rio Grande do Sul. Destacam-se seus projetos sobre a organização judiciária do Estado, a extinção dos juizados municipais e o controle das despesas municipais e estaduais. No contexto da Segunda Guerra Mundial, atua contra as perseguições do General Heitor Borges a descendentes de italianos e alemães.

Secretário do Interior
1943-1944Escolhido pelo Tenente-Coronel Ernesto Dornelles para assumir a Secretaria do Interior do Estado do Rio Grande do Sul. Em sua gestão, preza pela liberdade de imprensa e de pensamento. Implanta ações sociais como o Serviço de Organização e Assistência Social (SOAS) e a Comissão de Alimentação Pública (CAP). Renuncia após sugerir um plebiscito para resolver a questão da sucessão municipal de Cachoeira do Sul, medida contrária aos preceitos do Estado Novo.

Homenagem da ARI
1944Em reconhecimento à sua defesa da liberdade de pensamento e expressão, é homenageado pela Associação Riograndense de Imprensa (ARI) com o título de sócio honorário, logo após seu pedido de exoneração do cargo de Secretário do Interior e Justiça do Estado do Rio Grande do Sul.

Recusa ao STF
Junho de 1945Recusa o convite para assumir o Supremo Tribunal Federal (STF).

Fundação da USB
16 de setembro de 1945Participa da fundação da União Social Brasileira (USB). A agremiação tem origem no 'Movimento Popular em Favor das Ideias de Alberto Pasqualini', liderado pelo padeiro João Monteiro Santos e com apoio financeiro de Aníbal de Prímio Beck. A USB é lançada em 21 de setembro no Teatro São Pedro, em Porto Alegre.

Compromisso USB-PTB
31 de outubro de 1945O termo de compromisso entre a USB e o Partido Trabalhista Brasileiro (PTB) é assinado por Alberto Pasqualini (USB) e Silvio Sanson (PTB). Em 1946, a USB já está totalmente assimilada pelo PTB.

Candidatura a Governador
1946-1947Candidata-se ao cargo de Governador do Estado do Rio Grande do Sul pelo PTB. É derrotado por Walter Jobim, do Partido Social Democrático (PSD), que obtém 41% dos votos contra 38% de Pasqualini. A campanha é marcada por grandes comícios, onde defende suas ideias sobre 'doutrina social' e 'justiça social', ataques da Igreja Católica e adversários políticos, além do caráter didático e doutrinário de seus discursos.

Publicação de sua Principal Obra
16 de outubro de 1948Alberto Pasqualini lança sua principal obra, o livro 'Bases e Sugestões para uma Política Social', publicado pela Livraria do Globo. Pasqualini já se destacava anteriormente por artigos publicados na imprensa, especialmente no Jornal Correio do Povo, com textos como 'Um Mundo Baseado na Cooperação' e 'Sugestões para um Programa de Governo'. Em 1948, escreve as 'Diretrizes Fundamentais do Trabalhismo Brasileiro'. Suas principais influências teóricas incluem a doutrina social da Igreja, encíclicas papais como a Rerum Novarum, a teoria econômica de Keynes, a influência política de Laski, o pensamento jurídico de Léon Duguit e as ideias da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (CEPAL).

Eleição para Senador
9 de outubro de 1950Concorre ao cargo de Senador da República pelo PTB. Vence as eleições ao derrotar Plínio Salgado (PSD-PRP), recebendo 48% dos votos contra 34% de seu principal adversário. Mantém postura didática ao defender suas ideias sociais e reformistas, defendendo-se das acusações de comunismo e ateísmo feitas por adversários políticos e pela Igreja Católica. O 'Diretório Alberto Pasqualini' tem atuação decisiva na campanha, gerindo ações financeiras, doutrinárias e de formação de subcomitês do PTB nos municípios do interior.

Casamento
30 de dezembro de 1950Casa-se com Suzana Thompson Flores no Rio de Janeiro. O casamento religioso ocorre na Igreja Nossa Senhora da Paz e o civil na Décima Primeira Circunscrição do Registro Civil.

Atuação no Senado Federal
1950-1955No Senado Federal, destaca-se por discursos e debates em defesa de reformas de base, fundamentados na doutrina trabalhista. Entre seus projetos, destaca-se o de nº 21/1954, que institui o Sistema Federal de Bancos, e seu parecer defendendo o monopólio estatal da Petrobras.

Departamento de Estudos do PTB
1952Organiza o Departamento de Estudos do PTB.

Nova Candidatura a Governador
1954É derrotado na eleição para Governador do Rio Grande do Sul, recebendo 43% dos votos contra 46% de Ildo Meneghetti (PSD). Enfrenta acusações de comunismo e ateísmo, além de não conseguir cumprir vários compromissos de campanha devido ao estado de saúde debilitado. O suicídio de Getúlio Vargas também marca as campanhas dos candidatos trabalhistas, impondo um tom mais insurgente.

Recusa à Vice-Presidência
1955Recusa o convite para ser candidato a Vice-Presidente da República na chapa com Juscelino Kubitschek.

Afastamento da Vida Pública
31 de dezembro de 1955Sofre um derrame cerebral na noite de réveillon, impossibilitando sua continuidade na vida pública e forçando seu afastamento do Senado Federal.

Falecimento
3 de junho de 1960Falece em seu apartamento no Rio de Janeiro, gerando grande repercussão popular e política, especialmente entre os trabalhistas.